O clima tropical brasileiro, que predomina em maior parte do território, apresenta alguns desafios quanto ao conforto térmico por ser quente e úmido. Uma das soluções bioclimáticas passivas adotada por arquitetos para responder a tal contexto é elevar a casa do solo, pois trata-se de uma decisão projetual que facilita a troca de calor - refrescando os ambientes - através da circulação de ar que ocorre no vão que se abre e desfaz o contato direto da edificação com o solo úmido. A fácil implantação da obra no terreno e a passagem de tubulações abaixo do piso, são outros benefícios que podem ser citados junto da questão estética -uma vez que ao suspender o volume do solo, gera-se uma sensação de leveza na construção.
Para compreender melhor todas essas vantagens, reunimos abaixo sete exemplos de casas brasileiras que em seus projetos foram elevadas do solo.
Na Casa Pipa, realizada por Bernardes Arquitetura, a elevação do solo "garante estanqueidade e ventilação para a laje de piso, assim como visitação às instalações que passam pelo piso". Esta última característica também pode ser observada na Residência W270, do São Paulo Arquitetos + Fabio Jorge Arquitetura.
No caso da Casa Redux, assinada pelo Studio MK27, "a laje do piso, elevada 50 cm do solo, apoiada em vigas recuadas, intensifica a forma delicada em que o projeto foi implantado no terreno", de modo que, "visualmente, a casa parece flutuar".
Um jogo de níveis que gera uma composição de cheios e vazios, favorecendo os benefícios de circulação de ar e conforto, pode ser visto na Casa em Ribeirão Preto, realizada pelos SPBR Arquitetos + MMBB Arquitetos. Nela, "o jardim da rua (nível 2.00) estende a sala elevada incorporando o recuo de frente, normalmente perdido atrás de um muro. O jardim dos quartos (nível 1.80) sombreia a face norte e oferece uma área externa mais resguardada como extensão dos ambientes de repouso. O jardim do pátio (nível 1.20), a meio nível, faz a passagem suave entre os dois pavimentos e desfruta das pequenas distâncias verticais conseguida pela solução estrutural".
Já na Residência RMJ, de Felipe Bueno & Alexandre Bueno, para que não haja uma mudança drástica no perfil natural do terreno, a parte principal do programa é organizada em um único pavimento superior, resultando de certa forma em uma casa térrea elevada. Ao adotar esta solução, eles aproveitam para manter um pequeno desnível do solo mesmo que esteja no nível superior, trazendo leveza ao volume.
O cuidado com o terreno acontece principalmente quando este está em áreas arborizadas, como é o caso da Residência RR, de Andrade Morettin, no qual "toda a construção está elevada 75 cm com relação ao solo, apoiada sobre pilotis de concreto moldados no local e todos os demais componentes utilizados na edificação foram levados prontos e apenas montados no lugar", e também da Casa na Mata de Nitsche Arquitetos, que pensou o projeto como um “abrigo primordial”, totalmente aberto para a mata na qual está inserido. Em ambos os casos a solução favorece a estanqueidade e respeitam a natureza.
Publicado originalmente em 28 de fevereiro de 2021, atualizado em 17 de junho de 2022.